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Quem disse que perdoar é esquecer?

Escrito por Paulo Tavarez

Perdoar não é esquecer. Perdoar simplesmente é dar um novo significado para um evento, ou seja, continuaremos com a lembrança daquilo que nos fazia mal, porém, já não faz mais. Nesse novo contexto, ao nos recordarmos do fato, sentimentos de indiferença e neutralidade surgem durante a recordação e uma leveza toma o lugar do ódio que servia de combustível para os mais escabrosos pensamentos.

Perdoar é tirar a importância e o significado de um acontecimento carregado de revolta e inconformismo, por isso é tão difícil anistiar as personagens envolvidas em nossos dissabores. Para alcançarmos essa façanha teremos que expandir a nossa visão, olhar para o mesmo evento com uma compreensão mais profunda dos elementos que o provocaram e, para isso, algumas regras deverão ser usadas.

A regra principal preconiza que não há injustiças no Universo e o sentimento de vitimismo que nos abate é resultado da nossa profunda falta de conhecimento das Leis Universais.

Ora, ou a Lei do Carma existe ou não existe.

Se existe como nos parece óbvio, todos os desconfortos aos quais somos expostos estão previstos como provas para o nosso desenvolvimento. Da mesma forma, todas as pessoas que surgem em nosso caminho, como instrumentos de infortúnio, são aquelas que servirão de gatilho emocional para tratarmos as nossas deficiências, ou seja, vão nos ajudar a crescer. Apenas para exemplificar: se existem traços de baixa autoestima em nosso ser, se acreditamos que merecemos sofrer — talvez por conta de um histórico problemático de culpas –, o Universo colocará em nosso caminho pessoas que se ajustem às nossas demandas internas. Aquele que quer apanhar encontrará aquele outro que gosta de bater.

Dentro desse exemplo, quem é a vítima? Quem é o algoz? Ninguém.

Bad Boy Arguing With His Couple Breakup Concept

Somos peças de um jogo cósmico que trabalha de forma perfeita para o ajuste e a adequação, tudo está integrado, tudo é sistêmico. No momento em que houver uma elevação da autoestima, naturalmente, atrairemos melhores companhias.

O inferno não são os outros como disse Sartre; somos nós que encontramos dificuldades de aceitar e processar as informações externas de uma forma mais elevada. Não importa o que o outro faça, não importa o que fizeram com você, importa sim, o que você fará com o que fizeram com você e, nesse sentido, Sartre estava absolutamente correto. Precisamos parar com essa guerra contra o mundo, deixar de julgar e começar a aceitar o outro dentro das condições que ele apresentar, pois vivemos num mundo absolutamente diverso, com intelectuais do mais alto nível convivendo com pessoas estúpidas e precisa ser assim! Essa é a Lei de Sociedade, é através do convívio dos mais adiantados com os mais atrasados que acontece o avanço. Tudo está certo e nada daquilo que incide sobre o indivíduo é obra do acaso.

Enquanto a nossa visão for pequena e encontrarmos dificuldade de expandir a consciência para podermos olhar o acontecimento de forma sistêmica e integrada, continuaremos presos ao fenômeno, odiando os atores e ancorados no evento.

O perdão é fundamental para o equilíbrio interno do Ser, pois todos os registros negativos vão atuar como verdadeiras toxinas na alma, serão responsáveis por doenças, enfermidades psíquicas e uma série de transtornos na personalidade.

Guardar ressentimento é o mesmo que tomar veneno e esperar que o outro morra.